terça-feira, 7 de setembro de 2010

Clonagem: uma questão ética

   A clonagem, principalmente humana, não relaciona-se apenas com as Ciências Biológicas. Está também, intrinsecamente ligada a questões morais visto que pode ser utilizada para diversos aspectos, tais como: o estudo embriológico e das capacidades humanas; no uso terapêutico, casos de obtenção de tecidos e órgãos para transplantes, além de desenvolvimento genético para o tratamento de algumas doenças; na reprodução humana, casos de casais estéreis e até mesmo facilitar as chances de gravidez em caso de fecundação in vitro.
   Porém, em alguns deste casos haveria a utilização e descarte de embriões, levantando então a polêmica do valor moral de um embrião. Este já pode ser considerado uma pessoa ou é mais semelhante as demais células do nosso corpo? Quando embriões produzidos dentro do próprio corpo são perdidos não há uma preocupação muito relevante. Por que o mesmo não ocorre com as perdas de embriões fora do corpo? Não seriam ambos embriões?
   E os cientistas? Simplesmente desconsidera-se a liberdade científica e uma possível vontade de ajudar os outros com a biotecnologia? São estes alguns dos inúmeros questionamentos pertinentes.
   Levando-se em considerção o alto custo das pesquisas, pode-se discutir outro aspecto: quais tipos de investimentos são mais importantes, os relacionados a esta biotecnologia ou atender as demandas de uma sociedade na qual milhares de pessoas passam fome? Mesmo que  outros gastos consigam ser cortados para invesir-se em clonagem, tal tecnologia não atenderá a todos. Haveria assim, uma discrimação indireta por parte da comunidade científica.
Pode-se dizer em suma, que contra a clonagem estão as questões vinculadas: ao risco médico envolvido, com futuras anomalias possíveis; a santidade da vida humana; a interferência na variabilidade genética, que pode prejudicar o desenvolvimento e a sobreviência de espécies; a não preservação da identidade genética de cada indivíduo. Como algumas delas (santidade humana e identidade genética) são muito mais ligadas  a ideologias e/ou valores pessoais que variam de região a região, de povo a povo, podem nunca ser resolvidas.  Discussões infindáveis podem ocorrer, nas quais nenhuma conclusão concreta pode ser obtida. Os aspectos de variabilidade genética e risco médico podem ser controlados e monitorados, reduzindo sua interferência negativa.
   A seu favor estão o direito a autonomia reprodutiva; a possibilidade de quem não pode ter filhos fazê-lo; a liberdade científica; a possibilidade de amenizar a perda de um filho ao conseguir-se um outro com mesmo genótipo; o desenvolvimento de filhos com habilidades pessoais que sejam o sonho dos pais; ajuda na prevenção de doenças.
   Não temos o objetivo de ficar deste ou daquele lado da polêmica e sim apresentar argumentos consistentes relacionados as duas posições. Talvez a ideia essencial da reprodução, que necessita de um espermatozóide e de um óvulo, possa ser descartada com o passar do tempo e um ser com genótipo igual ao meu ou seu possa ser criado sem dificuldade alguma. A priori, pode-se afirmar, instintivamente, a imoralidade do processo, pois deste ponto de vista ele é, no mínimo, assustador. Contudo, este é um argumento meramente instintivo e não moral.

Por: Marina Machado Marques 

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