terça-feira, 7 de setembro de 2010

Clonagem de Humanos




Quando se anunciou a clonagem da ovelha Dolly, uma pergunta com certeza passou pela cabeça da maioria das pessoas: será que humanos também poderiam ser clonados? A resposta para essa pergunta é sim e por um processo que em sua essência é igual àquele feito para clonar a ovelha. O problema é a eficiência do método (poucas pessoas sabem, mas Dolly foi a tentativa de número 277) e o porque de realizá-lo, os inúmeros questionamentos sobre o sentido da clonagem e suas implicações.
O processo ocorre da seguinte forma. Uma mulher doa um óvulo seu e dele é removido o núcleo. Remove-se uma célula da pessoa a ser clonada e por meio de estímulos elétricos se funde as duas células. Quando essa nova célula começar a se dividir se tem o embrião com o material genético idêntico ao do paciente. Esse embrião é implantado no útero de uma mulher, a “mãe de aluguel” que supostamente passa por uma gestação normal até o dia do nascimento da criança. Esse processo aparentemente simples, é na verdade muito pouco eficiente. 98 em 100 tentativas de clonagem falham e as chances de que o clone terá uma vida saudável e duradoura também são muito reduzidas. Ou o embrião não se adapta ao útero, morrendo antes ou durante o período da gestação, ou falece pouco tempo após seu nascimento.
O sentido da clonagem é, junto com sua ainda limitação técnica, um fator decisivo em seus poucos avanços. O porque de clonar varia em duas categorias principais, a clonagem reprodutiva e a terapêutica, ambas muito interessantes, mas que trazem em si diversas polêmicas.
A clonagem reprodutiva consiste na tentativa de se gerar um indivíduo saudável e exatamente igual ao seu “originário”. Esse método tem despertado a atenção de empresas que pretendem atender pessoas  que se interessam pela prática, como casais inférteis. Outra aplicação interessante é fazer um clone de alguém falecido que teve algumas células de seu corpo preservadas. Um caso curioso foi a primeira clonagem comercial de um gato falecido que ocorreu em 2004. O serviço custou à sua dona $50,000. O animal nasceu saudável, mas a prática despertou indignação de muitas pessoas.  A empresa que realizou o serviço fechou em 2006.
A polêmica por trás da clonagem reprodutiva é muito grande. Não se trata apenas de um desvio natural do curso da vida, mas traz no próprio processo vários riscos. A pouca eficiência do método faz com que 98 em 100 tentativas falhem, isso faz com que se faça eutanásia com vários animais que nasceram com problemas. A realização da eutanásia em um clone humano, não é tão simples assim e tem que ser amplamente discutida. Além do mais a prática traz mais os interesses de poucas pessoas que se dispõem a correr os riscos de passar pelo processo e ter sua vontade de ter um clone satisfeita do que interesses coletivos. Esses fatores contrários á clonagem com essa finalidade tem feito que a maior parte da comunidade internacional a desaprove, o que é manifestado em leis que a proíbem. Nos Estados Unidos, por exemplo, nenhuma verbal do governo será destinada á pesquisas sobre o tema e qualquer instituto que quiser trabalha-lo precisará primeiramente da autorização do governo.
Outra utilização da clonagem se diz respeito á utilização para fins terapêuticos, ou mais especificamente, na geração de embriões para a utilização de suas células troncos. Essas são as células do embrião que ainda não se diferenciaram, ou seja, ainda não ganharam uma função específica no corpo da pessoa e podem ser induzidas a se diferenciar para comporem tecidos de interesse do paciente, como aqueles danificados por alguma doença. O papel da clonagem seria então a produção de embriões do próprio paciente para que se possa retirar suas células troncos. Isso traria uma grande vantagem já que por o material genético presente naquelas células pertencerem ao próprio indivíduo, há uma redução na chance de seu sistema imunológico rejeitar essas novas células. O processo ocorreria inserindo o núcleo de uma célula do indivíduo em um óvulo e induzir sua divisão, mas embrião criado não seria implantado no útero de uma mulher.
A polêmica por trás da clonagem terapêutica não é o processo em si, mas a suposta violação do direito á vida do embrião que tem suas células retiradas. Por mais que muitas vezes o embrião possua apenas poucas células líderes religiosos afirmam que já possuem vida e necessitam ter esse direito assegurado. A pergunta que fundamenta fervorosos debates a respeito do tema é “Quando a vida começa?”. Sem dúvida essa questão é uma das maiores discordâncias entre ciência e religião. Contudo, mesmo que todos os dilemas éticos e religiosos acabassem, a cura de doenças a partir da utilização de células trocos ainda está muito distante. Um dos principais problemas atualmente encontrados pelos cientistas é como induzir as células a se diferenciarem para a função que eles desejam e como assegurar que essas células realmente desempenhem sua função correta no corpo.
Pode-se concluir que a clonagem de seres humanos é um processo que ainda esbarra em problemas técnicos e principalmente problemas éticos. Sua utilização pode ser para fins reprodutivos o que desagrada a maioria das pessoas e está sendo amplamente combatida na maioria dos países, mas também pode ocorrer para fins terapêuticos o que esbarra em dilemas quanto à utilização de células troncos de embriões.

Referências:
http://science.howstuffworks.com/environmental/life/genetic/human-cloning.htm
http://science.howstuffworks.com/environmental/life/cellular-microscopic/stem-cell.htm
http://science.howstuffworks.com/environmental/life/genetic/cloning.htm
http://www.globalchange.com/Cloning/

Lucas Rocha Rodrigues
Abraço a todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário